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CAVALGANDO ILUSÕES (RVT)

  • CVT
  • 18 de jul. de 2016
  • 4 min de leitura

INSPIRAÇÃO I Belerofonte1, Pégaso montaste, E foste a QUIMERA2 destruir. De tua ação a minha é contraste,

Pois a “QUIMERA” tento construir.

O Pégaso3 também, Belerofonte, Montei espicaçado por anseios, E fui esperançoso rumo à fonte, Sorver inspiração e devaneios.

II Com Pégaso seguindo rumo destro, Busquei no gracil monte, -meu encanto-, Das águas de Hipocrene4 sorver tanto E quanto exige insaciável estro,

Que mérito capaz e ambidestro, De ritmos e rimas, no meu canto, Impondo-me, reduz o desencanto Do versejar estúpido e canhestro.

Que meu cantar em síntese traduza Sinceras homenagens a Perseu5, Pelo seu feito ao degolar MEDUSA6,

De cujo sangue Pégaso nasceu, Para levar da glória à luz difusa, Nós dois, BELEROFONTE, tu e eu. III Mesmo sorvendo as águas de Hipocrene, Permaneceram parcos meus enleios, E fui então tomado de receios, No meu viver em amargor perene.

Pois apesar de meu esforço infrene, Não obstante tantos devaneios E tantas esperanças e anseios, A frustração permaneceu indemne.

Pórem os sonhos, velhos sonhos meus, Surgiram novamente rutilantes, Coordenando os pensamentos meus.

E retornando aos ideais brilhantes, Às Musas7, resolvi, os dons enteus, Rogar nos meus apelos cruciantes. IV As súplicas e preces num cicio, As Musas dirigindo comovido,

Notei meu suplicar desvanecido, Sentir ser meu pedido vão, baldio.

E já as esperanças arredio, Tentando num esforço desmedido, Chamei por alto brado, longe ouvido: Calíope8, Polímnia9, Euterpe10, Clio11.

Das Musas nada tive por resposta. Somente o ecoar de meus apelos, Do Hélicon12, vibrava pela encosta.

Então os meus anseios e desvelos Lugar cedendo à dor a mim imposta, Mostraram-me quão tolo fui por tê-los. V Mas Pégaso que timbra em bem servir Àqueles que cavalgam sonhos altos E são dos ideais fartos e faltos, Procura meus anseios garantir.

E patas contra o Zéfiro13 a tinir,

Alígero na graça de seus saltos, Livrando-me de tantos sobressaltos, Insiste em seu roteiro prosseguir.

Chegados ao país, qual Canaã, De férteis terras e de céu de anil, Em término feliz ao meu afã;

Um deus tonitruante em tom heril, Responde aos meus apelos: “Por Tupã, Tu cantarás a glória do Brasil”.

1 Belerofonte - herói mitológico, filho de Glauco. Tendo morto seu irmão Beleros, sem o conhecer, expatriou-se e retirou-se para a corte de Preto, rei dos Argos. Este príncipe, que tinha inveja ao seu hóspede, mas que não queria faltar às leis da hospitalidade, mandou o herói ao seu cunhado Iobates, rei da Lícia, com cartas de recomendação, nas quais, em sinais misteriosos , estava escrita a ordem de matar o portador. Iobates ordenou a Belerofonte que fosse combater a Quimera, convencido de que este pereceria na luta; mas Belerofonte, montado no Pégaso, matou o monstro, desposou a filha do rei da Lícia e sucedeu-lhe no trono. Foi pai de Laodamia. 2 Quimera – monstro de três cabeças, cujo corpo, meio cabra e meio leão, segundo Homero, tinha cauda de dragão e vomitava chamas. Foi morto por Belerofonte, montado no Pégaso.

3 Pégaso – cavalo alado que nasceu do sangue de Medusa, quando Perseu lhe cortou a cabeça. Montado sobre o Pégaso, o herói foi salvar Andrômeda exposta ao furor de um monstro marinho, e Belerofonte serviu-se de Pégaso para combater a Quimera. Com uma patada Pégaso fez brotar do Hélicon a fonte de Hipocrene, onde os poetas iam beber a inspiração. É o símbolo da inspiração poética; supõe-se que leva os poetas pelo espaço até o Hélicon, e diz-se montar o Pégaso ou cavalgar no Pégaso por fazer versos. 4 Hipocrene – (fonte do cavalo), fonte do monte Hélicon (Beócia) consagrada às Musas. Viera-lhe o nome do cavalo Pégaso que com uma patada a fizera brotar da rocha (Mit.). 5 Perseu – herói grego, filho de Zeus e Dánae. Cortou a cabeça da Medusa, desposou Andrômeda, foi rei de Tirinte e fundador de Micenas. V. Andrômeda, Pégaso. 6 Medusa: - Uma das três Górgones. Foi a princípio de uma beleza rara e tinha cabelos magníficos; mas, como houvesse ofendido Minerva, a deusa, para se vingar, transformou-lhe os cabelos em horríveis serpentes e deu aos seus olhos a força de petrificar todos aqueles em quem se fixavam. Perseu cortou-lhe a cabeça e levou-a consigo em todas as expedições, para transformar em pedra os seus inimigos. E neste sentido que se alude emliteratura à cabeça de Medusa.

7 Musas – filhas de Júpiter e de Mnemósine, as nove musas presidiam às artes liberais,especialmente à eloquência e à poesia. Eram nove irmãs, para mostrar que as artes têmentre si relações estreitas. Clio presidia à história. Euterpe, à música. Talia, à comédia.Melpómene, à tragédia. Terpsícore, à dança. Erato, à elegia. Polímnia, à poesia lírica. Urânia,à astronomia, e Calíope, à eloquência e à poesia heroica. V. Clio, Euterpe, etc. As Musashabitavam com Apolo o Parnaso, o Pindo e o Hélicon. (MIT.)

8 Calíope – musa da poesia heroica e da eloquência: mãe de Lino e de Orfeu. É representada com uma tabuinha encerada, um estilo e, algumas vezes, um rolo de papel nas mãos. 9 Polímnia: - musa da poesia lírica. É representada o mais das vezes na atitude da meditação. 10 Euterpe- musa da música e da poesia lírica. É representada com uma flauta simples e dupla. 11 Clio – musa da história e da poesia épica. É representada sentada ou em pé, com um rolo de papel na mão ou uma caixa de livros. 12 Hélicon – Monte na Grécia (Beócia), consagrado às Musas; hoje Paloeo-Vouno; 1.750 m. É muitas vezes tomado como sinônimo de Pindo, de Parnaso. 13 Zéfiro – Nome do vento oeste, na mitologia grega e que passou, na linguagem corrente a designar um vento brando.


 
 
 

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